terça-feira, 16 de outubro de 2012

VENTO, AREIA E AMORAS BRAVAS

Falemos, novamente, de Agustina Bessa-Luís, a escritora que acabou de completar 90 anos.
Apesar de escrever essencialmente para adultos, tem alguns títulos para os mais novos. Dentes de rato, com ilustrações de Martim Lapa e Vento, areia e amoras bravas, com ilustrações de Mónica Baldaque, constituem, respetivamente, a primeira e segunda partes da vida da traquina e sonhadora Lourença, a menina com a mania de morder a fruta da fruteira e deixar lá os dentes marcados.

O segundo livro começa assim:
"Era o dia 17 de Maio, e as rosas-chá do capitão Machado estavam abertas e já se desfolhavam. Lourença olhou da janela do quarto e achou que não havia razão para vestir muita roupa. Estava calor, e do mar, ao fundo da avenida, vinha uma brisa esperta, com ar de dança. Mexia nos fios eléctricos e fazia balouçar os pardais rabotos que lá estavam. Lourença, se já não parecia contente com o vestido destinado para esse dia, mais contrariada ficou. Era um vestido de comunhão, de voile de lã, com lacinhos de alto a baixo, e a mãe garantia que era de bom gosto. Lourença, estava na dúvida. Sentia comichão nos braços, apetecia-lhe rasgar alguma coisa nas costuras. A velha Serafina disse que era o demónio a tentá-la."


Texto da contracapa: 
“Vento, Areia e Amoras Bravas» é um título dançarino. Todo ele mexe e convida a dançar e arrasta o movimento da juventude que depois vai conduzir à idade consular. A toga vai suceder à sandália e o cinto desatado, que correspondem à história radiosa de Lourença. Ela não quer esquecer a infância nem o vento furibundo que tenta dispersar os pequenos sinos da salvação mais espirituosa, a salvação da descoberta. Vento, carrega o tumulto do coração que brinca e sofre. Areia, seca os caracteres com que se escreve a vida ainda sem servidão. Amoras bravas, são os negros caprichos que deslizam em cachos mal maduros até ao tempo da consciência e da criação. Volta Dentes de Rato como uma gota de azougue imóvel na palma da mão. Estará imóvel ou apenas encantada? Veremos. Veremos… que as histórias são para explicar estas coisas. A leitura fez-se para encher o silêncio de mágica.

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